Os desafios macroeconômicos, incluindo os juro elevado nos EUA e a desvalorização do real frente ao dólar, não produziram impacto substancial no fluxo de brasileiros colocando os pés no mercado imobiliário americano.
Segundo dados da National Association of Realtors, os brasileiros ocuparam a quinta posição entre os estrangeiros que mais adquirira imóveis nos EUA em 2022, tanto em número quanto em volume financeiro, com uma fatia de 3%. A Flórida foi a grande preferência (55%), seguida por Nova Jersey, Wisconsin, Louisiana, Geórgia, Carolina do Norte e Nova York.
Outro levantamento, da Florida Realtors, revela que os brasileiros ficaram em terceiro lugar em número de compradores de imóveis no Estado, em 2023. Em valor desembolsado, ocuparam a segunda posição, com um total de US$ 1,451 bilhão, acima dos US$ 486 milhões registrados em 2022.
Segundo Ricardo Molina, broker da Talent Realty e CEO da Vollare Immigration, o cenário de polarização política e as incertezas econômicas no Brasil têm gerado procura por proteção do patrimônio e renda em dólar. “O mercado imobiliário americano continua atraente para quem busca economia e moeda fortes, além de segurança jurídica.”
Na avaliação de Andrea Pointon, CEO e broker da Pointon Realty, os juros altos impactaram mais os consumidores americanos do que os estrangeiros. Quando os juros começaram a subir, houve compasso de espera, mas depois as vendas foram retornando gradativamente. “Esse ano, as vendas seguem bem, mesmo em ano de eleição, o que tem sido uma surpresa positiva para mim”, afirma.
Para André Duek, líder do Duek Lara Group, o cenário macro não alterou o apetite do público com maior poder aquisitivo. “Considerando a classe média alta para cima, tenho visto volumes até maiores do que antes”, diz o broker.
Além de investidores não residentes com foco em renda mensal de aluguel, há cada vez mais imigrantes brasileiros adquirindo imóveis, com mudanças significativas nos seus perfis. De alguns anos para cá, se intensificou a entrada de profissionais brasileiros com formação acadêmica.
Conforme Daniel Ickowicz, CEO e diretor de vendas da Elite International Realty, uma prática comum dos brasileiros é adquirir imóveis menores como “test drive”. “Depois, quando tomam a decisão de morar mesmo, acabam mantendo os imóveis pequenos como fonte de renda extra e compram maiores para morar”, conta.
Conforme os brokers, o retorno líquido com aluguéis nos EUA varia de 5% a 7% ao ano, mais a valorização dos imóveis. Em linhas gerais, sobre os aluguéis, há incidência de imposto de renda, segundo tabela progressiva. E para aluguéis de imóveis em plataformas como Airbnb, também há o recolhimento de sales tax, similar ao ICMS.
Outra forma de investir em imóveis nos Estados Unidos é por meio de REITs (Real Estate Investment Trust) negociados nas bolsas de valores, com dinâmica semelhante aos fundos imobiliários no Brasil.
Os REITs são empresas que investem pelo menos 75% dos seus ativos no setor imobiliário e, por regulamentação, são obrigadas a distribuir 90% das suas rendas tributáveis na forma de dividendos – o que costuma acontecer mensalmente ou trimestralmente.
Essa é uma das maneiras de se expor a uma nova geografia e diferentes oportunidades. “Os Estados Unidos contam com segmentos que nem existem no Brasil, como data centers e torres de telefonia. Além disso, é forte o segmento de REITs residenciais”, exemplifica Paula Zogbi, head de Conteúdo da Nomad. “Temos visto um interesse crescente dos brasileiros por REITs como alternativas de diversificação e renda em dólar, inclusive, alguns ativos já são relevantes em termos de volume em custódia”, afirma William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue. Ele comenta que, de forma geral, os REITs sofreram no curto prazo com o aumento dos juros. “Em média, os REITs estão 30% abaixo das máximas históricas, o que nos leva a crer que existe o potencial dessas empresas voltarem para o patamar onde estavam quando os juros cederem”, avalia Castro. Hoje, segundo ele, a média de dividend yield (retorno dos dividendos) dos REITs está em 4%.
“Temos visto um interesse crescente dos brasileiros por REITs como alternativas de diversificação e renda em dólar, inclusive, alguns ativos já são relevantes em termos de volume em custódia”, afirma William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue. Ele comenta que, de forma geral, os REITs sofreram no curto prazo com o aumento dos juros. “Em média, os REITs estão 30% abaixo das máximas históricas, o que nos leva a crer que existe o potencial dessas empresas voltarem para o patamar onde estavam quando os juros cederem”, avalia Castro. Hoje, segundo ele, a média de dividend yield (retorno dos dividendos) dos REITs está em 4%.
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https://valor.globo.com/publicacoes/especiais/brasil-eua/noticia/2024/05/22/compra-de-imoveis-na-florida-e-opcao-para-proteger-patrimonio.ghtml?giftId=f81ad59bf8f6de7&utm_source=Email&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilharmateria